Afasia

Os acidentes vasculares encefálicos são uma das mais frequentes causas de distúrbios de linguagem e fala adquiridos na fase adulta. Aproximadamente dois terços dos pacientes passam a sofrer de afasia imediatamente após a lesão encefálica na região relacionada à artéria cerebral média ( Girodo, Silveira , 2008 ).

Pode-se então considerar que a afasia é um sintoma consequente de uma lesão encefálica focal, que leva a déficits em aspectos da linguagem oral e escrita relativos à semântica, à fonologia e à sintaxe.

É também definida como um distúrbio no conteúdo, na forma e no uso da linguagem e de processos cognitivos relacionados, tais como memória, categorização, atenção e funções cognitivas.

Algumas das principais causas de afasia são isquemias na região da artéria cerebral média, mas se observa também afasias em decorrência de lesões no sistema nervoso central.

As afasias são classificadas em Afasia de Broca (Paul Broca) e Afasia de Wernicke (Carl Wernicke). A Afasia de Broca se caracteriza pela dificuldade na articulação e a uma expressão de fala limitada, agramática, com omissões e muitas vezes incompreensível.

A Afasia de Wernicke resulta em diferentes padrões de desordens de linguagem, com alteração da compreensão verbal, com uma fala sem conexão com o que foi dito, com palavras soltas, sem organização e coerência da frase.

A linguagem humana é uma das habilidades cognitivas mais importantes para o ser humano e é essencial para a socialização e para a comunicação.

Após os conceitos acima descritos das afasias, irei relatar um caso real de um paciente neurológico o qual atendi na clínica de fisioterapia e reabilitação neurológica.

Caso clínico: Paciente C. , sexo feminino, 36 anos, sofreu um AVC hemorrágico em abril do corrente ano. Ficou internada durante um mês em CTI do hospital. Ficou com algumas sequelas, como algias, alteração do tônus, reflexos anormais, alteração na marcha , hemiplegia (membro superior e inferior direito) e afasia.

A afasia apresentada pela paciente foi a de Broca, onde ela apresentou grande dificuldade na comunicação verbal. A construção da frase era pobre, não articulando corretamente, esquecendo palavras de repertório corriqueiro ou trocando letras onde ficava incompreensível sua fala. A afasia foi responsável por grandes prejuízos funcionais, pois dificultavam o seu desempenho na realização das atividades diárias, uma vez que não se comunicava com clareza, influenciando na sua qualidade de vida como também na sua dinâmica familiar.

Os sintomas psicológicos estão relacionados à vulnerabilidade, ao medo, a vergonha e a insegurança diante de novos desafios e do enfrentamento que se faz necessário em determinadas situações.

Essa paciente iniciou, logo que possível, seu tratamento na clínica com uma equipe multidisciplinar, onde tem atendimento com fonoaudiólogo, fisioterapeutas e sessões de psicoterapia.

Hoje, após seis meses de tratamento diário, a paciente melhorou sua comunicação, usando estratégias aprendidas, aumentou sua autoestima e enfrenta suas dificuldades com mais motivação e determinação, melhorando sua qualidade de vida e bem-estar.

Bibliografia:

Fuentes D., Malloy-Diniz L., Camargo C., Cosenza R., e col. Neuropsicologia. Teoria e Prática. Porto Alegre: Ed. Artmed, 2008.

Rosane Velloso

Psicóloga clínica