Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDA/H)
- rosanevellosopsi
- 10 de set. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 27 de nov. de 2020
O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDA/H) é um quadro neurobiológico caracterizado pelo desempenho inapropriado dos mecanismos que regulam a atenção, a reflexibilidade e a atividade, sendo, portanto, um transtorno heterogêneo, de instalação na infância e que se caracteriza por desatenção, impulsividade e hiperatividade.
É um dos diagnósticos mais comuns na infância, onde 3,6 a 5% das crianças em idade escolar apresentam esse transtorno no Brasil. O impacto é grande na criança, em sua família e na sociedade.

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No que se refere ao sexo, alguns estudos mostram prevalência em meninos, sendo de 1,5 meninos para uma menina, estando relacionada à maior frequência de comportamentos agressivos e inadequados em meninos. Outra explicação para a diferença de incidência de TDA/H entre os sexos é a maior frequência do subtipo predominantemente desatento em meninas.
Os sintomas do TDA/H devem surgir antes dos 7 anos de idade, causar prejuízo e desajuste claro, evidente e significativo nas funções sócias, acadêmicas ou ocupacionais , estar presente em pelo menos dois ambientes e apresentar duração de pelo menos seis meses. Durante a anamnese, os sintomas não podem ser melhor explicados por um transtorno global do desenvolvimento, por esquizofrenia ou outro transtorno psicótico ou mental.
Os principais sintomas a serem pesquisados são os sintomas de desatenção, sintomas de hiperatividade e sintomas de impulsividade. Atualmente, são três as categorias reconhecidas :
TDA/H tipo predominantemente desatento : se apresenta seis ou mais sintomas de desatenção;
TDA/H tipo predominantemente hiperativo/impulsivo: se apresenta seis ou mais sintomas de hiperatividade/impulsividade;
TDA/H tipo combinado: quando apresenta seis ou mais sintomas de ambos.
As características do indivíduo com TDAH do tipo desatento, demoram na realização de tarefas, parece não estar escutando e perdem seus pertences facilmente. O do tipo hiperativo, seria a agitação, a dificuldade de permanecer parado. E o do tipo combinado apresentam desatenção concomitante com a hiperatividade e impulsividade.
Os indivíduos com esse transtorno geralmente apresentam baixa tolerância a espera, alta necessidade de recompensa imediata, falha na previsão das consequências e nas respostas, déficit na auto-regulação e presença de respostas rápidas, mas imprecisas.
Maior dificuldade em concluir tarefas, se envolvem em situações de risco, perdem objetos, não permanecem muito tempo em uma atividade, perdendo constantemente o foco.
A avaliação neuropsicológica deve ser realizada com cuidado pelo profissional para que possa ser diferenciada de outros transtornos como o TOD e o Transtorno bipolar. Deve-se fazer uma entrevista com a criança, com os pais, com a escola e com outras pessoas e ambientes que a criança tenha contato.
O tratamento indicado para pacientes com diagnóstico de TDA/H é farmacológico com psicoterapia, podendo ser necessário um reforço escolar.
Os medicamentos utilizados são, o metilfenidato, os antidepressivos tricíclicos (imipramina, amitriptilina e desipramina). Nos casos de TDA/H e TOC ou transtorno de pânico , pode ser usada a clomipramina. Outro antidepressivo que pode ser usado é a bupropiona. Quando se tem TDA/H com mania, o uso de um estabilizador de humor é indicado, sendo porém restrito o uso de neurolépticos pelos riscos de piora cognitiva. Para comportamentos agressivos, insônia, impulsividade a clonidina é uma boa opção.
Hoje, para o tratamento do TDA/H, o mais indicado é o uso de um antagonista do transportador pré-sináptico da noradrenalina, a atomoxetina. Apesar de classificar-se como antidepressivo, não tem efeitos clínicos estudados e aprovados para este propósito.
A psicoterapia mais indicada para o tratamento do TDAH é a Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC), desenvolvida por Aaron Beck, que envolve um conjunto de técnicas e estratégias para a mudança de padrões de pensamento. Seu modelo cientificamente fundamentado apresenta eficácia comprovada por estudos empíricos.
Rosane Velloso
Psicóloga clínica
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