Esquizofrenia
- rosanevellosopsi
- 10 de set. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 27 de nov. de 2020
Esquizofrenia é uma doença psiquiátrica caracterizada por alterações no funcionamento da mente que provoca distúrbios do pensamento e das emoções, mudanças no comportamento e nas relações afetivas, além de perda noção da realidade.
É mais comum aparecer entre os 15 e 35 anos, porém pode surgir em qualquer idade e costuma se manifestar através de tipos diferentes, como paranóide, catatônica, herbefrênica, indiferenciada e residual, que apresentam sintomas que variam desde alucinações, ilusões, comportamento anti-social, perda da motivação ou alterações da memória.

Foto de Luis Dalvan no Pexels
A esquizofrenia pode surgir de forma súbita, em dias, ou de forma gradual, com alterações que surgem aos poucos durante meses a anos. Geralmente, os sintomas iniciais são percebidos por familiares ou amigos mais próximos, que notam que a pessoa está mais desconfiada, confusa, desorganizada ou afastada.
A incidência é de 5% na população mundial e ocorre em todas as culturas, raças, gênero e condição socioeconômica. A esquizofrenia apesar de não ter cura, pode ser bem controlada com medicamentos antipsicóticos, orientados pelo psiquiatra, além da psicoterapia.
Ainda são desconhecidos os fatores que podem provocar a esquizofrenia, porém, sabe-se que o seu desenvolvimento é influenciado tanto pela genética, uma vez que há maior risco dentro da mesma família, por desequilíbrio neuroquímico e também por fatores ambientais, como pela utilização de substancias psicoativas, experiências psicológicas negativas, abuso físico ou sexual ou por traumas encefálicos.
O uso de substâncias psicoativas como o tabaco, álcool e outras drogas pode levar a inúmeras consequências prejudiciais à saúde. Essas substâncias podem aumentar a ocorrência de acidentes e violências, transtornos de humor, doenças mentais, comprometimento psicossocial, mortalidade, dentre outros.
Evidências científicas sugerem que os indivíduos que apresentam depressão, solidão e outros sintomas psicossociais, como a falta de relacionamentos satisfatórios, o isolamento, a falta de prazer, tendem a fazer maior uso de substâncias psicoativas. Apontam ainda que os indivíduos tendem a usar substâncias psicoativas para tentar lidar com o estresse, tensões e situações de sofrimento mental.
A droga entra para aliviar o desprazer, passando a produzir a obtenção de prazer. Assim sendo, a droga se torna a única forma de prazer e o indivíduo cada vez mais se afasta de suas atividades do dia a dia. Busca o prazer imediato, em que o desejo terá que ser alcançado a qualquer custo, pois uma vez satisfeito, diminui a tensão.
Freud, em seu artigo “Além do Princípio de Prazer”, publicado em 1920, menciona o fato de o aparelho mental tentar manter a excitação do organismo constante. A pulsão do ego irá “freiar” o prazer, mas as pulsões sexuais são mais difíceis de “domar”. As pulsões sexuais irão encontrar novos modos de satisfação que são sentidos pelo ego como desprazer.
Dessa forma, no uso de substâncias psicoativas, o que irá ocorrer é que, mesmo sem o uso, o dependente quer reencontrar esse prazer, quer retomar o prazer sentido em seu primeiro uso. Assim, o sujeito sofre diante da falta de seu objeto externo.
Não se falou apenas do princípio do prazer com o uso da droga, mas com a destruição do sujeito pelo seu uso. O que podemos refletir é sobre a questão do indivíduo buscar prazer através de um objeto externo que não lhe traz mais satisfação, e sim sintomas tidos como desagradáveis, a sua dependência e consequentemente, a sua destruição.
O papel da família na prevenção de comportamentos de risco tem sido enfatizado, bem como o fortalecimento de vínculos familiares. A família saudável agrega um conjunto de valores, crenças, conhecimentos e práticas que promovem também a saúde de seus membros.
Inegável a importância de um ambiente familiar estável para a saúde mental tanto na esquizofrenia como no uso abusivo de substâncias psicoativas.
O trabalho com esses indivíduos deve ser multidisciplinar, onde seja incluído o psiquiatra, o psicólogo e a família. Nos dois casos, o psicólogo trataria de fornecer uma psicoeducação em relação a dinâmica familiar, ajudando para que a família atue de maneira assertiva junto ao indivíduo. O apoio da família exerce uma forte proteção contra fatores externos que possam potencializar comportamentos negativos que levem o indivíduo ao encontro de situações de risco e essas atingirem sua integridade física ou emocional.
BIBLIOGRAFIA:
Freud, S. (1920). Além do Princípio de Prazer. In: Obras Completas. Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago,1996 , v. 18.
MALTA, D.C. ET AL. Revista Brasileira Epidemiol . Suppl. PENSE; 2014.
Rosane Velloso
Psicóloga clínica
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